Um mundo moldado pelo medo
Desde a infância, uma matriz invisível se impõe.
Uma teia de crenças, proibições, esquemas mentais, sutilmente tecida ao redor de cada pessoa.
O que muita gente chama de Sociedade ou Sistema na real se apoia num alicerce de medo.
Medo de faltar, medo do outro, medo do futuro, de incomodar, de ser rejeitado, de não ser amado, medo de si mesmo.
Medos por todo lado.
Esse medo não é só uma emoção passageira: virou estrutural.
Os governos e os poderes que mandam nesse mundo ergueram seus impérios em cima dele.
Instituições, religiões, mídias, sistemas de ensino, governos: todos participam, de propósito ou não, da manutenção desse medo básico.
O medo como combustível, o medo como ferramenta de docilidade.

Essas estruturas que a gente chama de “governos”, “instituições” ou “mídia” não são entidades autônomas, são o reflexo da consciência, ou da inconsciência, das pessoas que fazem parte delas.
Esses homens e mulheres fazem, na maioria das vezes, o melhor que conseguem dentro do mesmo condicionamento em que também nasceram.
Eles repetem padrões, muitas vezes sem perceber, como uma herança invisível passada de geração em geração.
É por isso que a verdadeira mudança não tá em atacar um sistema impessoal, mas em voltar pro indivíduo.
Na tomada de consciência pessoal.
Porque atrás de cada estrutura existe um monte de histórias humanas, e cada transformação interior abre caminho pra uma transformação coletiva.
Mudar o mundo começa sempre mudando a forma como a gente se encontra consigo mesmo.
O consumo desenfreado, a produção sem limites, os dogmas religiosos, os ditames políticos ou sociais, tudo converge pra um mesmo objetivo: manter as consciências num estado de meio-sono.
Não é conspiração escondida, é uma engrenagem bem azeitada, velha de séculos.
Ela se apoia em pilares: desinformação, distração, divisão.
Muita gente ainda acha que os governantes agem pro bem coletivo.
Que os eleitos encarnam a sabedoria.
Que a mídia relata fielmente a verdade.
Mas tudo isso não passa de um teatro cujo objetivo não é elevar a humanidade, mas canalizá-la.
A sociedade como funciona hoje não valoriza o ser humano na sua soberania, mas na sua capacidade de produzir e consumir.
Desde a escola, as mentes são moldadas não pra refletir, mas pra obedecer.
Pra entrar em caixinhas.
Pra virar “úteis” em engrenagens bem ajustadas.
A saúde virou uma indústria.
O bem-estar, um produto de mercado.
A ignorância, um negócio lucrativo.
Até a espiritualidade, em alguns casos, é explorada pra alimentar mercados.

Pois é: não tenho seguro de saúde nem de acidente há 15 anos.
E minhas filhas também não.
E não, não é erro de papelada.
É escolha assumida.
Por quê?
Porque eu confio em mim.
Confio no meu corpo, na inteligência natural dele, na capacidade de se curar se eu escuto, se eu cuido, se eu respeito.
E cá entre nós… se eu não faço besteira, o que de tão grave pode acontecer?
Não me jogo bêbado de scooter às 3h da manhã, não dou mortal pra trás numa piscina vazia, nem vou nadar com pedaços de carne amarrados na perna num mar cheio de tubarão…
Então sério… risco mínimo.
Mesmo andando sem capacete e descalço na Tailândia.
Mas já vejo vocês de sobrancelha franzida, mão na cintura:
“Ah é, e se você ficar doente?”
Ah, o famoso “E se…”, clássico do mental ansioso.
Pois aqui não: os "se" não passam da porta.
Ficam lá fora, junto com os “talvez” e os “vai que”.
Eu digo de boa:
“Valeu, mas hoje eu escolho a confiança.”
E adivinha? Nunca me acontece nada (de ruim, de negativo).
Porque eu decido assim.
Já saquei faz tempo que entre a imaginação e a realidade, é sempre a imaginação que ganha. A gente imagina um monte de coisa que nunca vai rolar. Não tem como evitar…
Então sim, precisa de coragem, um pouco de loucura, e muita presença de si. Mas é isso aí se libertar do medo:
Acreditar que dá pra viver… sem ansiedade de viver.

Entendi que resistir à ideia de um evento às vezes é menos poderoso do que imaginar o pior… e estar em paz com ele.
Virou reflexo: antes de qualquer ação arriscada, eu me pergunto “Qual é o pior que pode rolar?”.
Morrer? Beleza.
Me machucar feio? Vai doer, mas beleza.
Perder alguma coisa? Beleza também.
Ao aceitar todos esses finais possíveis, eu tiro do medo o poder dele.
Sei que minha trajetória é certa, não importa a forma que ela tomar.

A ilusão do cuidado: uma sociedade que lucra com a doença
Um sistema de “bem-estar” que diz querer o seu bem, mas que desmoronaria se cada pessoa recuperasse de verdade sua plena saúde…
Aí tá toda a contradição.
O que aconteceria se cada um fosse realmente autônomo na própria saúde?
Se os remédios naturais voltassem a ser a norma?
Se o corpo fosse ouvido, cuidado, respeitado?
As plantas medicinais foram por muito tempo proibidas, curandeiros perseguidos, saberes ancestrais apagados.
A história tá cheia de exemplos de mulheres queimadas vivas só porque sabiam curar com ervas.
As fogueiras da inquisição não miravam o diabo, mas sim o conhecimento livre.
Até hoje, uma população saudável ameaçaria setores inteiros da economia mundial.
Hospitais, clínicas, laboratórios, planos de saúde, farmácias: o que seria deles se os corpos parassem de adoecer?
Se a comida voltasse a ser nutritiva?
Se as emoções fossem acolhidas e entendidas em vez de serem jogadas pra baixo do tapete?
A obsessão com a saúde esconde, na real, uma dependência organizada da doença.
Tem que ir no médico.
Tem que tomar remédio.
Tem que acreditar na química, mesmo quando ela não cura nada (câncer, quimio), só mantém os sintomas.
Porque atrás das pílulas, tem faturamento.
Atrás das campanhas de prevenção, tem interesses geopolíticos.
Atrás dos slogans bonitinhos, tem grana pesada.

Tudo que dá lucro é ampliado, explorado… até virar abuso.
A doença vira só um sintoma visível de uma causa mais profunda: o ego distorcido, sufocado pela ganância.
As engrenagens da submissão
Desde pequeno, os sinais já são dados: tem que se comportar.
Obedecer.
Não incomodar.
Respeitar as figuras de autoridade.
Temer a punição.
Seguir a norma.
Entrar no molde.
Mas quem desenhou esse molde?
E por que a gente teria que se encaixar nele?
As escolas não são templos de despertar, mas centros de ajuste.
Lá a gente aprende a ser produtivo, competitivo, “útil”.
Autonomia, criatividade, pensamento crítico são colocados de lado.
O quadro é apertado.
Quem sai dele é logo chamado de “problemático”.

Sempre no fundo da sala, zoando com os amigos.
Ou era fácil demais, ou chato demais.
Ou então o professor (ou professora) era tão… sem vida, sem convicção nenhuma.
Minha mãe só me pedia pra ter “pelo menos a média”.
Esse era meu objetivo. Sem nenhuma outra motivação.
Minha única empolgação: esporte e trabalhos manuais.
Alemão? Nem pensar.
Matemática, fácil mas chato.
História? Guardar nomes e datas… aff…
Eu vivia cochilando à tarde, lutando pra manter a cabeça erguida.
Hoje posso dizer que a escola não me serviu pra nada.
Meus trabalhos aprendi na prática, e depois virei autodidata naquilo que realmente me apaixonava.

A gente sempre acaba aprendendo o que ama de verdade.
O verdadeiro desafio é explorar, descobrir… e ter coragem de seguir as paixões até o fim.

Nosso pai nunca nos obrigou a seguir uma faculdade só por convenção aos 18 anos, diferente da maioria dos pais dos meus amigos.
Nesse gesto tão puro e livre, vi um convite a buscar meu próprio caminho.
Ele me deu tempo, experiências e memórias inesquecíveis.
Sempre ali pra guiar sem nunca impor, ele me deixou, naturalmente, descobrir um campo que me fazia vibrar.
Quando viu meu entusiasmo, abriu as portas pra eu mergulhar de cabeça.
Quando olho pra trajetória de alguns amigos, percebo a sorte que eu tenho, aos 24 anos, de estar engajada em estudos que me apaixonam.
Se tivessem me colocado numa escola de negócios por padrão, eu teria sido medíocre, sem ambição, os anos teriam passado sem gosto.
Meu nível teria caído, junto com minha autoestima.
E pouco a pouco, eu teria deslizado, em silêncio, pra fora de todo um campo de possibilidades.
As religiões prometem salvação depois da morte, mas poucas incentivam a abraçar a divindade aqui e agora.
Elas também impõem dogmas, obrigações, medos: inferno, danação, exclusão.
Até a noção de tempo é condicionada: tem que ter carreira, casa, filhos, aposentadoria.
E principalmente, não sair desse roteiro.
Porque qualquer desvio é suspeito.
Toda originalidade vira ameaça.
Desconstruir as crenças
Se libertar começa com um ato simples e revolucionário:
Questionar.
Perguntar.
Duvidar.
Se descondicionar.
O COVID escancarou muitos mecanismos.
Naquele período, o medo se espalhou em todo lugar.
Foi um revelador.
Alguns cederam, outros resistiram.
O ponto chave: seguir o medo ou abraçar o amor.

Eu sei que essa palavra assusta, já que foi muito usada e distorcida pela religião.
Mas aqui, me parece a mais justa.
O amor pode soar vago demais; já a fé envolve um compromisso interno, uma direção escolhida mesmo diante da incerteza.
Essa crise mostrou as incoerências do sistema.
A fragilidade e a corrupção dos líderes.
O oportunismo ganancioso das indústrias.
A submissão das instituições.
A reação negativa das massas.
Mas também foi um tempo de despertar pra alguns.
Um ponto de virada.
A chance de sair dos padrões e dizer: “Não.”
Recusar a submissão, recusar o medo, recusar as ordens contraditórias.
Também foi o momento de perceber como o sistema fica vulnerável quanto mais ele se digitaliza.
Quando tudo vira digital, as falhas se multiplicam.
A ilusão fica mais fácil de manipular.

Eu sou grato pelos dois anos que vivi durante o Covid.
Sim, grato.
Porque pra mim foi um verdadeiro revelador.
Um ponto de virada.
A oportunidade de abrir os olhos de vez, de ver o que rola por trás da cortina.
Eu vi até que ponto os valores humanos podiam vacilar diante do medo.
Medo de perder o emprego.
Medo de não receber mais subsídio.
Medo dos “pseudo-importantes” de sumirem das telas, de serem apagados da cena, de perderem a tal relevância social.
Medo, por todo lado.
De todas as formas.
E eu vi o quanto ele pode dominar, calar, fazer dobrar.
Foi duro. Intenso.
Mas também fascinante. Instrutivo.
Um acelerador de consciência.
E pra ser claro: não, nós não somos vacinados. Nem eu, nem minhas filhas.
E não é só uma escolha de saúde.
É uma postura interna. Uma coerência.
Uma fidelidade ao que sentimos ser certo, lá no fundo.

Você julga o medo, mas talvez sem sempre reconhecer o valor dele.
O medo não é o inimigo: é um guia.
Ele mostra onde estão nossos limites, nossos apegos, nossas zonas de sombra.
O verdadeiro poder não tá em eliminar o medo, mas em saber lidar com ele.
Aprender a escutar, entender o que ele quer proteger… e decidir se isso ainda serve no nosso caminho.
Se deixar guiar pelos medos pode virar até um jogo interno, uma dança com a gente mesmo.
Uma forma de explorar nossas profundezas sem nunca deixar o mundo de fora nos enfiar medos que não são nossos.

Bem… pensando bem…
Como dizer…
De mim mesmo, quase nenhum.
O futuro? Tranquilo.
Dinheiro? Beleza.
Corpo e/ou doença? Sem stress.
Velhice? Nem ligo.
Mas tem um… e ele tem a ver com vocês.
O medo de perder vocês, de que algo aconteça com vocês.
Às vezes é mais forte que eu.
Toda vez que penso que alguma coisa ruim poderia rolar, eu respiro fundo, tento relaxar, e principalmente… confiar.
Confiar no Universo.
E me digo que a mãe de vocês, lá em cima, cuida de vocês, que vocês não estão sozinhas.
Nisso, eu confio totalmente.
Aí… a paz volta.

Sabendo o que realmente tava rolando por trás dessa “pandemia”, nós três escolhemos não nos vacinar.
Na época, isso queria dizer viver com passes sanitários falsos…
Quando eu falava disso com meus amigos, com 20, 21 anos, a reação era quase sempre de deboche: me chamavam de conspiracionista, questionavam minhas fontes, diziam que eu tava viajando…
Com o tempo, os anos passando, conheci novas pessoas, em diferentes países, que tinham seguido a mesma intuição e feito as mesmas escolhas que eu.
Essas trocas me trouxeram um certo alívio: eu não era a única a ver diferente, mesmo tão nova…
E hoje, algumas pessoas daquele tempo, depois de refletir, amadurecer, e descobrir aos poucos o que tinha por trás dessa história e o que realmente tem dentro dessas vacinas, voltaram a falar comigo de um jeito bem diferente.
Mais aberto, mais curioso.
O diálogo voltou a ser possível.
Prisão dos esquemas mentais
Cada emoção mal digerida, cada ferida escondida, cada choque não expresso deixa uma marca.
O cérebro arquiva.
O inconsciente grava.
E o ego, pra proteger, constrói esquemas.
Esses esquemas viram mecanismos de defesa, automatismos, filtros.
Eles ditam as reações, os comportamentos, os julgamentos.
Eles moldam a imagem de si mesmo e dos outros.
Com o tempo, essas construções viram prisões.
O que foi criado pra proteger acaba virando prisão.
Pra se libertar, é preciso voltar na origem.
Recontatar a emoção inicial.
Reviver a cena, sem fugir.
Acolher o que foi, sem julgamento.
E assim, dissolver.
A dependência do “fazer”
Hoje em dia, o tempo virou luxo.
A gente não tira mais.
É preciso fazer.
A qualquer custo.
Até se esgotar.
Até tensionar o corpo, alimentado por esse mental hiperativo que não deixa em paz.
O mundo moderno valoriza a agitação.
Ser produtivo.
Estar ocupado.
Marcar todas as caixinhas.
Preencher todas as linhas.
Responder todas as mensagens.
A relação com o tempo sumiu, não existe mais porque ele tá sempre cheio de ocupações.
A gente chega a não dormir em paz.
Mesmo deitado, a cabeça não para nunca.
O silêncio assusta.
O vazio dá angústia.
O descanso parece suspeito.
E no entanto, é nos espaços vazios que o Universo se manifesta.
É nas brechas do silêncio que nascem as revelações.
É na inação que a intuição se ancora.
Voltar ao nada.
Honrar o nada.
Reabilitar o “inútil”.
Dizer: « Hoje eu não faço nada. Eu sou. »
E deixar o Ser pousar no corpo.
As sincronicidades não surgem na correria, mas na disponibilidade.
« De qualquer forma, a gente não vê nada com a mente ocupada… »
Não é o estresse que chama a magia, mas o relaxamento.
Não é o esforço que manifesta, mas a presença.
A corrida contra o tempo já nasce perdida.

Quando o interior se libera do barulho, da agitação, das expectativas tensas, uma nova energia pode entrar, fluida, viva, criativa.
Aí o coração fica mais receptivo.
O inesperado encontra uma porta de entrada.
E aquilo que a gente esperava, às vezes há muito tempo, se manifesta.
Todo mundo já viveu isso, né?
Aqueles momentos em que a gente justamente não pensava em nada.
Quando tava distraído em outra coisa, tranquilo, quase solto…
E de repente, uma ligação. Uma mensagem. Uma sincronicidade.
Algo inesperado, mas profundamente certo, aparece.
Vivi isso tantas vezes que não é mais acaso.
Muitas vezes, nos primeiros dias de férias, quando eu tô relaxado, leve, numa energia de alegria… recebo ligações de novos clientes.
Como se meu relaxamento interior abrisse um canal invisível.
Essa experiência se repetiu ano após ano.
É pra mim uma prova vibrante de que, quando a gente solta a urgência de querer, a gente vira realmente “magnético”.
Vira urgente, sim, urgente, reencontrar tempo… pra não fazer nada.
Imagina um dia inteiro onde você simplesmente diz:
« Hoje eu não faço nada. »
Nada produtivo, nada útil, nada justificável.
Só estar ali.
Com você mesmo.
No seu corpo.
Escutando.
Aproveitando o momento.
Sentindo o que você é.
E deixando o universo fazer o resto.

E não falo só dos outros: eu também luto com isso.
Eu caio muito fácil na vontade de não estar presente, principalmente quando não quero sentir o peso da minha existência.
Nesses momentos, eu me desligo através da ação ou da distração.
Mas eu também sei que é justamente nesses momentos de vazio, quando eu resisto a preencher o espaço, que algo mais verdadeiro pode surgir.

Lembro de você quando eu era pequena: trabalhava do amanhecer até a noite, ainda com os olhos pesados de sono, já ligava o computador e começava a digitar, sem quase parar, sem nunca desligar de verdade, nem no fim de semana.
Você precisou de tempo, e de provas fortes da vida, pra entender que podia aliviar a pressão.
Pouco a pouco, você aprendeu a se desligar dessa tela, a recuperar o fôlego.
E eu vi essa mudança acontecer em você.
Mudar o olhar sobre si mesmo
Como você se olha?
Que imagem esse reflexo interno te mostra?
Ele vem carregado de vergonha, de culpa, de humildade exagerada?
Ou, ao contrário, de alegria, curiosidade, carinho?
Se você tivesse um encontro marcado com você mesmo, sentado na sua frente, como se veria, o que emanaria de você?
Muita gente se impede de brilhar por medo de se destacar do grupo.
Ficar na média parece mais seguro.
A sombra protege.
A luz expõe…

Talvez porque nunca ensinaram a gente de verdade a ser.
Alguns têm isso naturalmente, mas eu acho que, na real, é algo que se cultiva.
Num mundo onde dá pra moldar a imagem que a gente passa, onde tudo pode ser controlado — do corpo à voz, da roupa à personalidade — fica difícil saber o que é realmente “ser eu”.
E como a maioria tem medo de ser julgada, principalmente pelo que é no fundo, acaba se nivelando, se moldando, pra evitar rejeição.
Mas eu acho que a rejeição pode ser, muitas vezes, a maior prova de autenticidade: é o sinal de que você não trapaceou pra ser aceito.
Mas por que ter medo de ser excepcional?
Por que achar que mostrar toda a sua luz é orgulho?
Por que tanta vergonha de assumir a própria força?
Esses freios não são naturais. Eles foram colocados.
Por uma educação, uma sociedade, uma cultura que valoriza a modéstia até virar auto-sabotagem.
Que transforma confiança em arrogância.
Que faz da conquista uma provocação.
Nunca ensinaram a gente a brilhar com toda a intensidade!
Mas brilhar não rouba nada de ninguém.
Não é esmagar, é iluminar.
A gente não é o que acha que é.
Somos mil vezes mais!
A polaridade sagrada: homens e mulheres...
O feminino e o masculino não são papéis sociais, mas energias.
O feminino sagrado é a capacidade de acolher, intuir, ser doce, se conectar.
O masculino sagrado é a força da ação, a determinação, a clareza, o compromisso.
Muitas vezes, as mulheres investiram demais no Yin, e os homens no Yang.
Mas a harmonia tá na integração dos dois polos.
As mulheres são chamadas a resgatar sua força de ação, firmeza, coragem, garra e potência.
Sem negar sua sensibilidade, doçura e feminilidade.
Os homens são convidados a mergulhar na sua ternura, carinho, nas emoções, a reconectar com o coração, com o corpo, com a interioridade.
Sem negar a própria força.
É assim que vão nascer os casais sagrados: dois seres completos, e não duas metades tentando se completar.

Mas é encontrando os dois polos dentro de si que a gente pode realmente expandi-los num espaço de aceitação total, no sagrado.
A mulher precisa encontrar seu masculino interior pra se sentir segura em Ser, sentir-se vista, percebida, escolhida… e assim deixar seu feminino se expressar sem medo.
Do mesmo jeito, o homem precisa encontrar seu feminino interior pra acolher sua sensibilidade, abrir o coração, e assim encarnar uma força conectada, viva, e não cortada dele mesmo.

Pra mim, meus braços fortes servem pra acolher a feminilidade da minha parceira, proteger, servir, colocar ela em “segurança emocional”, porque eu sei que é disso que ela precisa.
Quando ela se sente totalmente segura, eu sei que ela vai — como eu gosto de dizer — me permitir nadar no lago interior dela… e assim eu também consigo me abrir mais pro meu próprio feminino.
Mas eu curto essa ideia meio poética 🙂
Eu vejo a mulher como uma sereia que vem resgatar o pescador meio perdido que eu sou…
Solidão sagrada
Ficar sozinho é um ato de coragem num mundo lotado de distrações.

E aí o show começa: um balé de cabeças abaixadas sobre retângulos luminosos.
Não tem olhar, não tem palavra, não tem troca.
Só dedos deslizando e cérebros desligados.
Parece reunião de robôs no intervalo do café.
E enquanto eu olho esse mundo meio zumbi, penso que alguns devem me julgar, tipo: « Quem é esse cara esquisito olhando pros outros sem celular na mão? Um sociopata? Um tarado? »
Não, não. Só um humano… normal e desconectado.
O silêncio, o tédio, o se retirar viraram coisas suspeitas.
Mas são passagens obrigatórias pra se reencontrar.
Porque nada de profundo nasce no barulho.
Muitos fogem da solidão com medo do que ela mostra.
Medo de topar com as próprias sombras.
Medo de não ter mais uma tela pra se distrair.
Mas nessa solidão escolhida se esconde um tesouro: o acesso a si mesmo.

Um tempo em que a televisão, ainda meio tímida e em preto e branco, não prendia tanto nossa atenção como hoje.
Era sem graça, sem firula.
E ainda bem.
A gente tinha então uma coisa rara: tempo.
Tempo de viajar na mente.
De sonhar sem interrupção.
De se perder na contemplação pura.
Tempo de deitar na grama, olhos pro céu, procurando formas nas nuvens.
De brincar com insetos no campo.
Sim, insetos. Tinha por todo lado.
Era normal, vivo, vibrante.
Lembro das viagens de carro: não dava pra rodar cem quilômetros sem parar pra limpar o para-brisa, cheio de marcas de insetos.
Os campos em volta explodiam de flores silvestres.
Era outro mundo. Um mundo cheio.
Depois vieram os pesticidas. E o silêncio.
Esse tempo abençoado parece hoje distante.
Olho pras gerações atuais com uma mistura de ternura e preocupação.
Muitos já não sabem se perder no imaginário.
O celular virou o reflexo automático, o preenchimento imediato de qualquer vazio.
Basta um minuto de silêncio… e já a mão corre pro bolso, o olhar cai na tela.
Se anda até nas praias mais lindas do mundo olhando pro celular…
Se rola a tela.
Se vê o que os outros criam.
Mas já não se cria nada de si mesmo.
E pior, o celular virou desculpa salvadora.
Quantas mulheres pegam o celular na mão justo na hora de passar em frente a uma mesa cheia, só pra ter uma atitude, um disfarce, porque senão: « Ai meu Deus, como vou parecer, sem fazer nada, só relaxada e tranquila?
Mas peraí, já nem sei mais fazer isso… ».
É triste, sim.
E não, não dá pra voltar atrás.
Mas talvez, só talvez, dê pra desacelerar.
E reaprender a se entediar.
A sonhar. A viver.
Falar para curar. Palavras sobre as dores
As dores não expressas ficam presas nas células.
Viram incômodos, doenças, cansaços.
Pra que saiam, é preciso nomeá-las.
Dar a elas um espaço de expressão.
« Saiam, pequenas dores, eu vou reconhecer vocês e desmascarar! »
A fala liberta.
A fala ilumina.
A fala transmuta.
As mulheres, desde sempre, têm esse acesso natural às palavras.
Elas falam, compartilham, choram.
Os homens, muitas vezes, seguram, fecham, controlam.

Pança.
Chame como quiser.
E não é sempre culpa da cerveja ou do lanche da meia-noite.
Não, não.
É mais profundo que isso: a barriga é tipo um depósito das emoções.
Um porão onde a gente guarda medos, raivas, angústias... só que esquece de limpar.
A gente até fala que está com « o estômago embrulhado » ou « nó no estômago »…
E aí, de tanto acumular sem nunca soltar, a barriga acaba inchando.
Não é gordura, é não-dito compactado.
O cara já não digere mais a vida, mas guarda com força.
Resultado: não um tanquinho, mas uma mochila emocional… na frente.

Primeiro, pra ver como era tocar minha própria vida, e depois, pra deixá-lo orgulhoso, mesmo que ele já estivesse, de qualquer jeito.
Me virei sozinha e fiz vários trabalhos bem diferentes: um pub velho australiano onde o cheiro de décadas estava grudado em tudo, suítes VIP lá no alto do estádio de futebol de Melbourne, um kebabzinho na beira da praia, trabalho em fazenda colhendo morango em linha, onde, se a gente não fosse rápido, era mandado embora na hora.
E aí veio minha pior experiência: Subway, o fast-food do sanduíche.
O trabalho não era difícil, virei eficiente rápido e assumi responsabilidades.
Mas começou a nascer uma dor mais profunda.
O olhar que eu tinha sobre mim mesma tinha mudado.
Depois de um ano em trabalhos sem estímulo, sem nenhum enriquecimento intelectual, comecei a duvidar de mim.
A pensar que eu não servia pra nada, que nunca ia conseguir algo melhor, já que só esses empregos tinham me aceitado.
Eu, que sonhava grande, vi que esse "grande sonho australiano" onde o dinheiro jorra, na real, era uma ilusão cruel.
Caí numa tristeza pesada.
Queria fugir daquela rotina sem graça.
Cheguei a ler cinco, seis horas seguidas, todo dia.
Meu corpo, por sua vez, acabou expressando esse mal-estar: criei joanetes nos dois pés.
A dor era absurda usando minhas converses nas oito horas de turno.
Tive que mudar pra tênis mais confortáveis, mas no fundo, eu sabia que era mental.
Tudo vinha do meu estado interior.
Eu não tinha vontade nenhuma de viver aquela vida, de levantar todo dia pra preparar aqueles malditos sanduíches, mas não tinha escolha.
Precisava fazer, por quatro meses, pra poder comprar minha passagem de avião.
Hoje, dois anos depois, demorei a me recuperar.
Precisei de meses, muitas lágrimas e uma aceitação de verdade pra me curar.
Mas agora, trabalho oito horas de novo com os mesmos tênis… só que num emprego que eu amo.
E nunca mais senti dor nos pés.
Não eram meus pés que precisavam de cura, e sim a energia que eu projetava pro mundo.
Mas tanto homens quanto mulheres precisam reencontrar essa capacidade de falar.
De colocar palavras nas emoções.
De verbalizar o indizível.
De trazer à tona o que foi enterrado.
Esse processo muitas vezes desencadeia reações físicas: dores, tensões, suor, choro.
Mas é bom sinal.
É o corpo expulsando.
E uma vez esvaziado… ele pode se encher.
De amor.
De paz.
De luz.

É fascinante parar de ver o corpo como simples executor do cérebro, de desprezá-lo pelos desconfortos ou feridas, quando na verdade ele só manda pistas pra nos guiar até uma cura de verdade.
Desde que passei a considerar meu corpo como igual e deixei ele falar, aprendi tanto sobre mim mesma: sobre como lido com minhas emoções, como guardo, como transformo.
Entendi também como elas se manifestam quando escolho racionalizar em vez de sentir, de expressar.
O corpo tem uma sabedoria imensa, muitas vezes subestimada.
Libertar a própria voz.
Esse é um dos atos mais poderosos que existem.
Ousar acordar o que dorme, o que apodrece nos cantos do nosso ser.
O que foi enterrado, selado sob camadas grossas de silêncio e cimento emocional.
Com os anos, pra não sofrer mais, pra se proteger, a gente cobriu certas áreas de nós mesmos com um cimento grosso.
Mas essa blindagem, que a gente achava salvadora, virou prisão.
A gente conhece alguém.
Conversa.
Parece tudo bem.
« está tudo perfeito. »
E principalmente: não mexer em nada.
Não cutucar.
Não acordar.
Porque basta às vezes tocar num assunto sensível.
Uma palavra, uma pergunta, uma vibração…
E pronto, a máscara racha.
Os olhos se enchem.
As lágrimas sobem.
A gente acabou de tocar onde dói.
Onde ainda está vivo.
Onde está pronto pra sair.
E é justamente aí que tem que agir.
É aí que a cura de verdade começa.
Então vamos falar.
Falar do que dói.
Ousar nomear as coisas.
Dar a elas uma voz.
Uma forma. Um sopro.
Porque o objetivo não é parecer bem.
Mas se libertar.
Recuperar o ser inteiro atrás dos muros.
E deixá-lo respirar.

Às vezes acordo com tristeza, raiva ou irritação sem nem saber direito por quê.
E essas emoções me acompanham, crescem dentro de mim ao longo das horas…
Mas às vezes basta uma coisa simples: falar sobre isso.
No momento em que compartilho o que sinto com alguém próximo, é como se a emoção se desfizesse.
Ela sai do meu corpo, como se fosse liberada.
E de repente, me sinto mais leve.
Não espero resposta da pessoa, nem mesmo consolo, mas só o fato de ela saber o que passa na minha cabeça já me alivia.

Eu precisava me afastar do conforto que já tinha virado prisão, quebrar essas correntes invisíveis que me prendiam a um futuro previsível demais, um futuro que só me trazia tédio.
Muitas feridas da minha infância ainda estavam abertas, nunca digeridas.
Eu me devia uma chance: a de ficar melhor.
Lá, descobri o poder da expressão.
Me vi contando, pra desconhecidos que encontrava em uma noite, pedaços vulneráveis da minha vida.
Compartilhando momentos íntimos, me aliviando enfim.
Eu, que sempre carreguei isso preso na garganta, achando que era melhor me calar com medo de que minha verdade incomodasse.
Pela primeira vez, me senti apoiada, acolhida, abraçada.
Quando voltei, minha relação com meu pai, já complicada, piorou.
Eu não ficava mais calada.
Os comportamentos que antes eu tolerava, já não aceitava.
Pior ainda: eu ousava colocar palavras nisso.
Ele me expulsou de casa várias vezes, e minha raiva só aumentava.
Então, quando já não dava mais pra gritar, a gente se escrevia por email.
Eu despejava sem filtro tudo que tinha guardado por anos: minhas raivas, minhas feridas, minhas verdades.
Minha irmã fez o mesmo.
E, pra minha surpresa, meu pai entrou nesse diálogo cru.
Comecei a acreditar que nunca conseguiríamos reparar as palavras que tinham causado tanta dor.
Que talvez eu tivesse perdido meu pai pra sempre.
Mas pelo menos, eu tinha expressado minha verdade.
E só isso já me provava que ela tinha valor.
Depois da batalha, veio o silêncio.
Ficamos meses sem nos ver.
Até que um dia, uma mensagem.
Depois outra.
Um encontro.
Nos reencontramos, minha irmã, meu pai e eu.
Sem dizer nada, nos abraçamos.
E choramos.
De alegria.
Porque depois que tudo foi expresso, digerido e perdoado, só restou o essencial: o amor incondicional que temos uns pelos outros.
Esse é um dos meus melhores lembranças.

E quando vocês eram adolescentes, eu fazia o meu melhor.
Mas ainda carregava meus próprios demônios por dentro.
Eu queria ser livre, mas não conseguia.
Como a mãe de vocês não estava mais aqui, eu assumi esse papel como pude.
Mas acredite: naquela época, eu não era o homem que sou hoje.
Muita raiva dentro de mim.
Muitos desejos também.
Então sim, às vezes eu impunha minha voz alta, estrondosa.
E vocês abaixavam o tom.
Porque esse era o meu objetivo.
Uma forma de manipulação, se quiser chamar assim.
O pai “um pouco machista”, também um pouco solitário… com sua feminilidade encolhida lá dentro, sem coragem ainda de mostrar, pra vocês.
Esse nó na sua garganta vem daí.
Assim como no caso da sua irmã.
Eu não ouvia vocês como deveria.
Não deixava vocês falarem tanto quanto precisavam.
Eu achava que sabia de tudo, queria sempre ter razão.
Deus, como eu mudaria tantas coisas se tivesse que reviver suas adolescências hoje!
Me desculpem, minhas queridas…
O passado já era, e passou
Por que ficar se torturando com um passado que nunca vamos poder mudar?
O que foi, foi.
Gravado no mármore do tempo.
Todos nós temos “cacos” atrás da gente, uns mais brilhantes, outros mais barulhentos. OK.
Mas sinceramente, ficar remoendo, repassando, re-re-revendo o filme sem parar é pura perda de tempo.
Uma tortura mental em replay infinito.
E pra quê?
Pra se culpar?
Pra se chicotear com “eu devia ter feito”, “se ao menos”, “eu fui um lixo”?
Não. CHEGA.
Você pisou na bola?
Ótimo! Bem-vindo ao clube.
Fez errado?
Desculpa, mas você só não tinha como fazer melhor naquela hora, com as ferramentas que tinha, com seu estado de espírito, suas experiências, seus medos, seu contexto.
Não é fracasso, é experiência.
É lição.
É uma atualização do seu software interno.
E isso, sim, é precioso.
É como cair da bicicleta pra aprender a se equilibrar.
Você não falha, você aprende.
Então: vamos parar de falar do passado.
Olhemos pro presente, é aqui que tudo acontece.
E vamos em frente pro futuro, com essa bela experiência na mochila, pensando:
« Da próxima vez, vou fazer melhor. »
E isso já é enorme.

O que a gente precisa aprender a largar são as emoções que ainda ficam grudadas nele.

Mas pra mim, já não interessa mais.
No meu celular tenho só umas poucas dezenas de fotos, não fico fuçando nelas pra lembrar do passado.
Tá tudo na minha cabeça e nas minhas emoções, e eu me sinto mais leve sem esse passado.
Talvez porque tenha sido meio duro (minha infância)...
Conclusão
Se desconstruir não é desmoronar, é renascer.
Não é caos, é alquimia.
Esse caminho é exigente.
Pede coragem, paciência, disciplina.
Mas leva a uma verdade muito maior: a do ser livre, consciente, soberano.
Não há nada a conquistar.
Nada a merecer.
É só reencontrar o que sempre esteve aí, escondido debaixo de camadas de esquecimento.
A essência.
O Eu.
O verdadeiro.
Tire seu tempo.
Deixe essas ideias, essas palavras, descansarem em você.
Não tente entender tudo de uma vez, nem absorver imediatamente.
Deixe amadurecer, como uma fruta ainda verde.
Deixe fermentar, como um bom vinho que se revela com o tempo.
Dê ao seu mental espaço pra digerir, assimilar, encaixar.
E acima de tudo… seja gentil com você mesmo.
Se o que você lê aqui bate com o que você sente lá no fundo, mesmo de forma vaga, mesmo só como uma intuição, então vamos seguir juntos.
Mas lembre-se:
Uma mudança de visão de mundo não se decreta.
Se atravessa.
E isso leva tempo.
Como depois de um cuidado energético, é preciso deixar os corpos sutis se ajustarem.
A água ajuda a integrar.
O descanso também.
O silêncio, principalmente.
É a mesma coisa com este livro.
Não é só ler, é deixar infiltrar.
Então, vá com calma.
Beba água.
Respire.
E volte a estas páginas quando o seu coração te chamar de novo.

Leva tempo pras conexões neurais se soltarem, se quebrarem, se desfazerem.
Inconscientemente, se você leu isso mais com o coração do que com a mente, pode ficar tranquilo: os mecanismos de reconstrução já estão em movimento.
Roma não foi feita em um dia, nem o seu mental em uma leitura de 30 minutos.
Assim que o seu subconsciente, ou inconsciente, ou o seu “eu superior”, tiver absorvido essas informações, as portas do invisível vão se abrir pra novas oportunidades.
Novas sincronicidades podem aparecer na sua vida, mostrando que você está mudando…
Continue, por favor…
Isso é só o começo.